sábado, 8 de dezembro de 2012


domingo, 5 de agosto de 2012

"Gol de Quem?" ao vivo!

“Gol de Quem?” do Pato Fu é um dos discos que mais ouvi na vida. Confesso que fui fisgado inicialmente pelo grupo através da música “Sobre o Tempo” e da voz da Fernanda Takai, mas ao ouvir o disco todo fiquei impressionado com as faixas bizarras que misturavam letras em francês, programações eletrônicas, baião, rock pesado, Nelson Gonçalves, Mutantes, e a voz esganiçada do então líder da banda John Ulhoa. Ouvia tanto esse disco que sei até hoje a exata ordem das músicas, além de todas as letras. O encarte todo gasto é a maior prova do tempo quase integral que passava ouvindo o disco. Em plena era digital ele atualmente repousa gasto na estante, mas feliz com os autográfos da banda toda.


Eis que 17 anos após o lançamento desse disco que marcou minha adolescência e me abriu os ouvidos para tantas outras bandas, o Sesc-Belenzinho programou quatro shows com o repertório completo do disco (anteriormente os Titãs participaram do projeto tocando “Cabeça Dinossauro”). Corri pra comprar o ingresso, mas não consegui, pois se esgotaram numa velocidade surreal. Já desencanado, fui no dia 04 de agosto assistir a apresentação do Grupo Galpão de "Romeu e Julieta" no local onde seria o show (Minas em peso no Sesc – Belenzinho!)  e fui até a bilheteria, pra ver se de repente rolava alguma lista de espera, mas de cara fui informado que o show teve ingressos devolvidos (como assim?) e que era possível comprar tranquilamente. Imagina a empolgação da pessoa depois dessa notícia. 
Impossível descrever a emoção de ouvir o repertório completo de um disco que é parte da minha vida. Já fui em vários shows do Pato Fu, vários mesmo, e confesso que os momentos em que mais me divirto são os regastes feitos pela banda das faixas lados B (momentos cada vez mais raros hoje em dia) e por isso vê-los tocar ao vivo músicas como “Onofle”, “Ok, All Right”, “Vida Imbecil” e “Vida de Operário” foi surreal. 


Outra surpresa foi ver o John voltar a posição de vocalista principal da banda, posto que é ocupado por Fernanda Takai desde o disco “Televisão de Cachorro”, eles inclusive brincaram com essa situação. E pra quem acompanha a banda por mais tempo, eles ressuscitaram o pad man, que é uma bateria acoplada ao corpo que antes era utilizada pelo John, mas que no show foi usada pelo baterista Xande Tamietti.


O martelinho de “Ring my Bell” também foi ressuscitado e inclusive foi testado na plateia.
O bis ainda contou com músicas do "Rotomusic de Liquidificapum" e "Ruído Rosa", discos com clima próximo ao "Gol de Quem?". Foi incrível ver o Pato Fu visceral, despreocupado em apresentar hits para platéia cantar junto e sem se importar em ressuscitar um repertório que dificilmente seria tocado se não fosse o projeto (e que bom que eles aceitaram participar!), rolou até uma palinha do John pra "Little Mother of Sky" do "Tem mas Acabou" de improviso após um pedido da platéia. Ouvir o disco hoje em dia soa mais genial do que naquela época e acho que o tempo só vai ajudar pra colocar esse disco como um dos mais geniais já produzidos no Brasil.



domingo, 10 de junho de 2012

quinta-feira, 7 de junho de 2012

filha de peixe...

Seu nome é Gal!


Em 1969 Gal Costa lançou um disco psicodélico, com referências que iam de Jimi Hendrix à Janis Joplin. Condizendo com o contexto da época, Gal gritava em todas as faixas deixando claro sua insatisfação com a situação que havia no Brasil. A faixa “Pulsar e Quasar” dizia “dos sóis, Cá e Gil me mandem notícias logo” relatando claramente o exílio dos amigos de Gal. Caetano e Gil em Londres e Gal sozinha no Brasil tentando segurar a onda pesada da época.

O alivio do disco vem com a faixa “Meu nome é Gal” que foi composta por Erasmo Carlos e Roberto Carlos e foi feita por encomenda. Nela, Gal aos 24 anos, falava sobre seus interesses e amigos com uma doçura sem sim, para no fim despejar todos os seus agudos e influências psicodélicas, confirmando que no Brasil havia uma Janis Joplin com uma voz mais límpida acompanhada de uma beleza tropical.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Elis, Cássia e Amy





Quando penso em cantoras sensacionais com vozes únicas essas três sempre me vem a cabeça. Elis Regina, Cássia Eller e Amy Winehouse. Se for comparar cada uma, acredito que são estilos e timbres completamente diferentes, mas com trajetórias parecidas. Figuras passionais, fortes no palco e tímidas na vida real. Conseguiam transpor as composições como se fossem suas vidas no palco, sofriam, choravam e interpretavam com dor cada melodia e palavra citada. Viveram do excesso e se foram antes do tempo, mas ainda assim suas vozes e suas obras acariciam de alguma forma a saudade o coração de que sente falta...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Nina Becker


Desconfio que Nina Becker seja filha de Mutantes. Ela parece ter herdado o dom de criar músicas de outro universo. Esse experimentalismo na veia para mim ficou mais evidente quando a vi em um show dedicado ao álbum mais experimental da carreira de Rita Lee e Mutantes, o “Build up”. Sua voz casou com tanta perfeição que criou-se a impressão de ouvir a gravação original. O disco que tem versão pra música religiosa, cover de Beatles, bolero e até uma música com letra de receita de macarrão caiu como uma luva pra Nina Becker, que estava (e costuma estar na maioria das vezes) acompanhada pela mais experimental banda da atualidade, a Do Amor – só pra ter uma noção, os caras tocam com Caetano.

Depois desse show comecei a acompanhá-la com mais frequência e conheci seu EP Superluxo. "Vossa autoria" foi uma das músicas que me fizeram esperar ansioso pelo disco que estava sendo gravado. Depois de um tempo ele saiu, mas duplo, um Azul e outro Vermelho. O Vermelho de cara foi o que eu mais ouvi. Começa com “Madrugada Branca” que me remeteu a canção “Três da madrugada” com a Gal, achei tudo tão próximo. Como a Gal fez nessa canção, Nina canta como ela os versos em doses homeopáticas, nos transportando imediatamente para uma madrugada solitária. Depois surgem algumas animadinhas que casam tão bem ao seu estilo de voz. “Toc, toc” é minha preferida e está completamente diferente do arranjo do compositor Rubinho Jacobina. Ela é mais lenta, mas com uma levada deliciosa que não deixa a música entediante. “Superluxo” (que letra linda), “Tropical Poliéster”, “Volte sempre” eram algumas das faixas que também me perseguiam nesse período. "Do avesso" foi a última que me apaixonei, aí então percebi que já estava na hora de ouvir o Azul. Fui logo pra “Samba Jambo” a mais animadinha e viciei no arranjo sem bateria que é de uma cadência e sonoridade linda. Em seguida fui pra “Não Tema” que é um daquelas músicas que a gente curte quando tá na fossa, querendo sofrer e se remoer sentando num cantinho bem confortável. Me senti aquecido. Depois pra outras faixas como “Pedido”, “Ela adora (bem no estilo da música “Gerânio” que a Marisa Monte compôs com o Nando Reis)” foi um pulo.

Agora me deparei com o programa que ela gravou. O Grêmio Recreativo da MTV com Arnaldo Antunes. Nina Becker surgiu com o Do Amor e com Caetano Veloso. Os dois últimos cantaram “Muito”, música que o Caetano fez pra Regina Casé – além de “Rapte-me Camaleoa” que todo mundo já está cansado de saber. Nina Becker cantando essa música é uma das coisas mais lindas que eu já ouvi na vida. Tocante, de arrepiar e emocionar. E nesse programa ela tocou uma nova chamada “Marco Zero” que tem uma pegada rock, pop, mas aquele pop que a Rita Lee fazia nos Mutantes, um pop bom, com pegada e com cara de novidade. Um pop que só que tem DNA de mutante consegue fazer.