A peça segue a linha de trabalhos anteriores realizados pela dupla, cenários que de certa forma conversam e interagem com os atores. Em “Pterodátilos” o palco é mecânico e tomba de um lado para o outro, sendo também sutilmente desmontado mostrando os ossos e toda a sujeira e decadência que é empurrada pela família para debaixo do tapete. A cenografia desafia a gravidade e a falta de espaço, criando uma atmosfera que dá sentido aos personagens da caótica casa onde se passa a história.
Marco Nanini é o protagonista interpretando com maestria dois personagens de sexos diferentes. Novamente é incrível perceber em seu trabalho de ator, a rapidez e fluidez que se despe dos personagens. Para mim a grande surpresa no elenco foi Mariana Lima, que interpreta uma perua decadente, digna de riso e pena. O trabalho da atriz consegue equilibrar o drama e a comédia de forma surpreendente. O texto também é perfeito e cabe a tantos sentados no teatro da FAAP, e o mais legal é que todos riam, riam de si mesmos.
Já havia assistido trabalhos anteriores da dupla. “Avenida Dropsie” e “Não sobre amor” da Sutil Cia. de Teatro foram um dos cenários mais lindos que já vi no teatro. E depois assisti a ópera “O Castelo do Barba-Azul” no Teatro Municipal de São Paulo, concluindo que não é tarefa difícil constatar que a dupla realiza um dos melhores trabalhos visuais (principalmente em termos de originalidade) nos palcos e nas telas.