
Quando li em algum lugar dizendo que Liminha produziria o novo disco de Ana Cañas já fiquei aguardando com ansiedade. Gostei de Ana Cañas quando a ouvi, mas muito pouco do seu disco de estréia. A voz dela é linda, mas o disco me soou um pouco pretensioso. Ela parecia querer enfatizar a todo tempo sua veia jazzistica, mas as músicas em que ela fazia isso eram muito fracas, com letras ruins (sem esquecer da versão sonolenta pra “Coração Vagabundo”). As únicas que ouvi e me fizeram simpatizar com a moça foram “Devolve Moço” e “Cadê Você?” (que é muito boa). Depois a vi no especial do Cazuza onde ela interpretou “Carente Profissional” (uma canção que eu adoro na voz da Marina Lima) e acabei gostando mais dela.
Agora ouvindo o disco novo “Hein?” a parceria com o Liminha (que produziu o disco e ainda ajudou nas composições) fez realmente muito bem pra moça. Só pra lembrar, o Liminha é um produtor muito foda (produziu o melhor álbum dos Titãs – “Cabeça Dinossauro”, Marina Lina, Vanessa da Mata, Chico Science e Nação Zumbi entre outros) que sabe valorizar sempre o ponto forte dos artistas ajudando até nas composições. Com Ana Cañas tenho a impressão de que ele enxergou nela um lado mais roqueiro do que jazzistico. As canções de “Hein?” são bem mais próximas do rock. “Na multidão” que abre o disco é uma composição dela, do Liminha e Arnaldo Antunes (que faz uns vocais na música) é bem roqueira, assim como “Coçando” (com uma letra bem engraçadinha) e as que fogem desse clima vão pra uma pegada mais blues ou reggae (mas bem misturado sempre dando uma unidade boa, pra criar algo mais pop). Também gostei de “Esconderijo” que foi escolhida para ser a primeira música de trabalho e é mais lenta e pode de repente ganhar as rádios. E a única versão do disco é para “Chuck Berry Fields Forever” do Gilberto Gil, canção que ele cantou com Caetano Veloso nos Doces Bárbaros, uma ótima escolha que ficou maravilhosa na voz da cantora. De primeira ouvida gostei bastante do disco e agora finalmente posso dizer que gostei completamente da moça!
Só achei estranho aparecer tantas composições com o Arnaldo Antunes (4 no total) e nenhuma com o Nando Reis (ela chegou até a participar do disco novo dele, além disso foi anunciado durante a produção do disco que o trabalho dela contaria com composições de Nando Reis e Frejat).