
I Love you Phillip Morris: O filme foi bastante comentado no Brasil por ter a participação do Rodrigo Santoro, reunir no elenco Jim Carrey e Ewan Mcgregor e ser uma trama gay. O filme é baseado numa história real e tem um roteiro incrível que vai da comédia ao drama a todo momento. A trilha também é muito boa com Nina Simone numa música que eu amo (To love somebody). Apesar de Jim Carrey ainda carregar alguns trejeitos de comediante, sua atuação é perfeita pro papel, assim como Ewan Mcgregor e Rodrigo Santoro.
London River: Adoro a atriz inglesa Brenda Blethyn. Desde que ela fez a mãe suburbana que descobria a filha negra em "Segredos e Mentiras" ela só fez filmes bacanas (O barato de Grace, Orgulho e Preconceito, Desejo e Reparação). Só de saber que ela fazia parte do elenco de London River fiquei interessado no filme e realmente ela é o filme. Fazendo a mãe interiorana e tradicional de uma moça morta em um ataque terrorista ela se demonstra forte o filme inteiro pra desabar no final em uma cena tocante.
Dzi Croquetes: O documentário é sobre o grupo (que dá título ao filme) e foi formado em plena ditadura militar com uma liberdade criativa e sexual nunca vista antes. Com um visual que me lembrou muito Secos e Molhados (Ney Matogrosso dá seu depoimento no filme), mas com um espetáculo que misturava humor e números de dança extremamente bem realizados e modernos pra época o grupo fez sucesso na Europa chamando atenção de grandes astros da época que nunca perdiam seus shows (Mick Jagger, Catherine Deneuve e Liza Minelli - que dá seu depoimento no filme e conta que tentou leva-los a Broadway, mas eles não quiseram). É bastante interessante o filme, não só por ter grandes nomes dando depoimentos, mas porque se trata de uma descoberta pra quem nunca tinha ouvido falar do grupo que é realmente lendário. Um detalhe interessante do filme está na direção, que é feita pela filha de um integrante da equipe técnica do grupo. No final do filme ela conta que o pai dizia que gay quando morria, virava purpurina, em seguida ela conta que o pai morreu e também virou purpurina, num momento bastante delicado e bonito do filme.
Voluntaria Sexual: O vencedor segundo a crítica da Mostra. Eu realmente não gostei. Achei interessante a estrutura do filme construída como se fosse um documentário e ao mesmo tempo com curtas metragens dirigidos pela protagonista do filme, mas o tema não me atraiu e a exploração de deficientes por paralisia cerebral durante todo o filme me causou mal estar.
Fish Tank: Bem interessante o filme, focando uma garota pobre de Londres que enfrenta uma vida sem perspectivas ao lado da mãe e da irmã. Achei interessante a comunicação entre as três mulheres da casa, sempre utilizando a agressividade ou a dança. Até nos momentos de ternura elas trocam xingamentos pesados, mostrando que é a única forma que elas (criadas por uma mãe despreparada e negligente) conseguem utilizar para se relacionar.
Cúmplices: Um filme francês que foge da narrativa linear para contar a história de um assassinato envolvendo um jovem casal. A estrutura do filme é bem interessante, desvendando aos poucos o crime e justificando no final o título do filme.
Eu matei minha mãe: É um filme francês de uma maneira que nunca vi antes. São poucos os filmes franceses que tratam as relações humanas com passionalidade. Geralmente os relacionamentos familiares focados nos filmes franceses são sempre frios e distantes (Ex: "Horas de Verão", "Um Conto de Natal") e o filme em questão pelo seu roteiro forte me remeteu imediatamente ao cinema espanhol, mas depois parando pra pensar relacionamento entre filho e mãe é em qualquer parte do mundo passional. É sempre uma relação de amor e ódio.
O filme mostra a dificuldade de sair da infância (onde a mãe é a figura central, a melhor amiga) e entrar para adolescência e fase adulta anulando-a de sua vida. Assim como dificuldade do filho em aceitar a mãe, há também a dificuldade da mãe em reconhecê-lo e aceitá-lo nessa nova fase da vida.
Um dos momentos mais tocantes pra mim é quando o filho diz coisas horríveis para a mãe e depois pergunta "O que você faria se eu morresse amanhã?", ela fica calada e depois que ele se vira e vai embora ela responde baixo "Eu morreria no dia seguinte."