
Quando assisti a essa peça pensei em como o teatro é a arte mais simples, mas que domina o espectador com tão pouco. A fórmula de IN ON IT é simples, duas cadeiras, um palco vazio, dois atores e um texto complexo. Tão complexo que só uma boa direção e atores bons dariam conta do recado, e por sorte deram. A peça em questão já ganhou muitos prêmios, é sucesso de crítica e o público também comparece, afinal já houve uma temporada no Rio e agora em São Paulo. A peça já há um ano em cartaz.
Mas porque funciona? A peça trata a relação de dois homens que estão ensaiando uma peça, mas também discutem sua relação. Uma relação comum com picuinhas de qualquer casal e a peça que eles ensaiam parece interagir corporalmente e textualmente com a relação dos dois. Um final que não é final (a platéia é enganada) e um final que é um dos mais lindos que já vi com o dialogo de despedida mais ou menos assim:
- o que está faltando da lista?
- você me fez ver beleza nas coisas
- não é isso
- é shampo, e não compra shampo barato.
Chegando finalmente a um final que é um final mesmo.
Confesso que ainda estou digerindo o que vi. Foram tantos momentos geniais, tantas palavras tocantes, tantas trilhas e iluminações certeiras, que não sei ainda o que vi, só sei que senti demais e ainda estou sentindo. Demais mesmo. Dá um orgulho ver dois atores sensacionais em um texto maravilhoso e uma direção que sustenta todos em perfeita sintonia. Também tem o amor pelo teatro e pelo fazer teatro que está presente o tempo inteiro na peça. Os dois ensaiam e aproveitam os intervalos pra trocar uma idéia, pra relembrar a relação e aí vai IN ON IT.
A melhor peça que vi em minha vida, pelo menos por enquanto. Enquanto assistia só pensava uma coisa: não largo o teatro nunca mais!