sexta-feira, 5 de agosto de 2011

dia dos pais...

Próximo ao dia dos pais, data temida e a primeira que passo sem pensar em um presente pro meu pai, tá doendo um pouco. Sempre pensava em algo para ele nessa data, sempre tivemos uma relação forte com presentes, ele ajudou sempre nisso. Era habitual em casa presentear em datas especiais. Nós sempre pensavamos em relógios pra ele. Adorava ver anúncios de relógios pensando em qual ele escolheria e gostaria de ganhar. O último que demos foi o melhor, ele gostou, mas ao mesmo tempo disse no dia que ganhou que queria ter escolhido com a gente e tomado um chope depois. Essa foi a última vez que o vi de pé, reclamando e com cara amarrada (sua cara habitual). O abracei, me desculpei de não o ter levado e reclamei de como ele estava magrelo e tinha ossos aparentes. Ele relutou a crítica e ainda teve a cara de pau de dizer que estava bem nutrido, pois estava tomando farinha láctea. Aliás, essa parecia a forma de nos aproximarmos, sempre criticando um ao outro. Ele reclamando de alguma peça da minha roupa (essa última vez foi um tênis que ele detestava) ou de alguma tatuagem minha e como eu não podia ficar por baixo, acabava falando de sua magreza, que era realmente absurda, sendo justificada depois pela sua doença.

Agora vendo esses anúncios de dia dos pais, lembro do meu pai e penso em como a morte é cruel. Ela vem, mas só quem conviveu ou amou alguém fica sabendo o quanto é doloroso seguir com a vida. Olhamos ao redor e está tudo indo. O mundo nunca vai parar porque alguém morreu. No máximo uma meia dúzia de pessoas refletem por um dia, depois esquecem e seguem a vida. Apenas três ou quatro pessoas bem próximas ainda pensam nisso, ainda lembram, ainda choram e percebem que o mundo das pessoas à volta continua.