
Já fui em show da Zélia Duncan e a conheci num momento de fúria. Depois de uma fã fazer uma brincadeira indelicada ela desceu do salto e colocou os limites que a situação pedia.
Todas as pessoas que ouviam minha história ficavam revoltadas e sempre comentavam que ela é uma pessoa pública, tem que tratar bem os fãs e etc. E tratar bem os fãs está incluso engolir sapos?
Eu a admirei mais ainda depois do episodio. Vi que ela realmente tinha personalidade, estava ali recebendo no camarim, mas que ninguém viesse com comentários que ela não quisesse ouvir, já que o espaço era dela, nós deviamos nos adaptar.
E assim eu fui começando a gostar dela. Devo confessar que pouco. Gosto muito do CD "Eu me transformo em outras" em que ela grava clássicos da música brasileira (assim como fez Gal Costa, praticamente no mesmo período). Também não achei péssima a participação dela na volta dos Mutantes, só fiquei incomodado pelo fato dela ser a amiga de Rita Lee e com a sua ida criar um conflito maior e também pelo fato do timbre vocal dela não combinar com o que estavamos acostumados a ouvir na formação original. Enfim, quando vi o show fiquei maravilhado com a performance dela, que deu bastante vigor (junto com a banda poderosa) a banda e para as músicas que cantou.
Agora estou com o disco novo nas mãos que tem como um dos produtores John Ulhoa (de quem sou fã desde que me entendo por gente). Zélia Duncan tem a inteligência de sempre estar rodeada por pessoas extremamente talentosas (Rita Lee, Mutantes, Moska, Martnália e por aí vai...) e desenvolver sempre trabalhos interessantes. No trabalho com a Simone por exemplo, que é uma cantora que eu não gosto muito, ela cantou uma versão de uma música linda do Jorge Drexler feita pelo Moska, deixando meu preconceito de lado e me fazendo fã da versão e até simpatizante da dupla. O mérito dela está em ter o bom gosto de escolher produtores, canções e arranjos.
No disco novo em que ela teve o bom gosto de escolher o John como produtor, o estilo dele está em algumas faixas ("Telhados de Paris", "Pelo Sabor do Gesto", "Boas Razões", "Tudo sobre você" - que mais parece uma canção do Pato Fu!) mas dessa vez com barulhinhos bem delicados. As versões para as canções do filme "Canções de Amor" que eu tanto temia, ficaram agradáveis e não comprometeram em nada em questão de qualidade. Fora que no Brasil quando são feitas versões o que sempre se espera é uma canção popular (que em grande parte é cafona) e Zélia Duncan foi na contramão, escolhendo um filme bem alternativo, com um tema bastante delicado costurado por canções belas. "Ambição" de Rita Lee ganhou uma nova intepretação e uma pequena mudança na letra, nada comprometedor. De novo ela foi na contramão e pegou um lado b de Rita Lee (que é algo difícil, já que Rita Lee é repleta de lado A). Essa canção eu conhecia apenas pelo CD de 1993 em que ela produziu sem o Roberto de Carvalho (num período em que estavam separados) e só agora fui descobrir que a canção já existia desde a época do Tutti-Frutti e chegou a tocar em uma novela na década de 70. Depois de anos ela pegou novamente a canção e incluiu novos versos. Outro ponto interessante do disco de Zélia envolve novamente Rita Lee. Em uma das canções "Esporte Fino Confortável" dedicada a Rita Lee no encarte, ela canta que "Tô na geladeira...pra sempre?E aí, amizade, a nossa amizade,como é que se sente?" lembrando que ainda devem surgir mágoas de Rita Lee depois que Zélia entrou para os Mutantes. Zélia Duncan chegou até entrar em detalhes sobre a questão quando Rita Lee foi capa da Rolling Stone, dizendo que depois de sua participação no grupo Rita Lee não retornava mais quando ela tentava entrar em contato. Agora, depois de ouvir a música é de se esperar e torcer que a amizade volte fortalecida e renda bons frutos ("Pagu" por exemplo, uma das melhores canções de Rita Lee nos últimos tempos é uma parceria com Zélia Duncan).
Pra finalizar, acho que falar de Zélia Duncan é sempre citar quem está em sua volta, portanto, não tem como uma trabalho seu ser desinteressante. "Pelo sabor do gesto" é cheio de referências, versões originais, parcerias e histórias em suas composições. Mesmo não gostando da Zélia Duncan, é impossível não gostar do disco.
Link "Pelo Sabor do Gesto"
Todas as pessoas que ouviam minha história ficavam revoltadas e sempre comentavam que ela é uma pessoa pública, tem que tratar bem os fãs e etc. E tratar bem os fãs está incluso engolir sapos?
Eu a admirei mais ainda depois do episodio. Vi que ela realmente tinha personalidade, estava ali recebendo no camarim, mas que ninguém viesse com comentários que ela não quisesse ouvir, já que o espaço era dela, nós deviamos nos adaptar.
E assim eu fui começando a gostar dela. Devo confessar que pouco. Gosto muito do CD "Eu me transformo em outras" em que ela grava clássicos da música brasileira (assim como fez Gal Costa, praticamente no mesmo período). Também não achei péssima a participação dela na volta dos Mutantes, só fiquei incomodado pelo fato dela ser a amiga de Rita Lee e com a sua ida criar um conflito maior e também pelo fato do timbre vocal dela não combinar com o que estavamos acostumados a ouvir na formação original. Enfim, quando vi o show fiquei maravilhado com a performance dela, que deu bastante vigor (junto com a banda poderosa) a banda e para as músicas que cantou.
Agora estou com o disco novo nas mãos que tem como um dos produtores John Ulhoa (de quem sou fã desde que me entendo por gente). Zélia Duncan tem a inteligência de sempre estar rodeada por pessoas extremamente talentosas (Rita Lee, Mutantes, Moska, Martnália e por aí vai...) e desenvolver sempre trabalhos interessantes. No trabalho com a Simone por exemplo, que é uma cantora que eu não gosto muito, ela cantou uma versão de uma música linda do Jorge Drexler feita pelo Moska, deixando meu preconceito de lado e me fazendo fã da versão e até simpatizante da dupla. O mérito dela está em ter o bom gosto de escolher produtores, canções e arranjos.
No disco novo em que ela teve o bom gosto de escolher o John como produtor, o estilo dele está em algumas faixas ("Telhados de Paris", "Pelo Sabor do Gesto", "Boas Razões", "Tudo sobre você" - que mais parece uma canção do Pato Fu!) mas dessa vez com barulhinhos bem delicados. As versões para as canções do filme "Canções de Amor" que eu tanto temia, ficaram agradáveis e não comprometeram em nada em questão de qualidade. Fora que no Brasil quando são feitas versões o que sempre se espera é uma canção popular (que em grande parte é cafona) e Zélia Duncan foi na contramão, escolhendo um filme bem alternativo, com um tema bastante delicado costurado por canções belas. "Ambição" de Rita Lee ganhou uma nova intepretação e uma pequena mudança na letra, nada comprometedor. De novo ela foi na contramão e pegou um lado b de Rita Lee (que é algo difícil, já que Rita Lee é repleta de lado A). Essa canção eu conhecia apenas pelo CD de 1993 em que ela produziu sem o Roberto de Carvalho (num período em que estavam separados) e só agora fui descobrir que a canção já existia desde a época do Tutti-Frutti e chegou a tocar em uma novela na década de 70. Depois de anos ela pegou novamente a canção e incluiu novos versos. Outro ponto interessante do disco de Zélia envolve novamente Rita Lee. Em uma das canções "Esporte Fino Confortável" dedicada a Rita Lee no encarte, ela canta que "Tô na geladeira...pra sempre?E aí, amizade, a nossa amizade,como é que se sente?" lembrando que ainda devem surgir mágoas de Rita Lee depois que Zélia entrou para os Mutantes. Zélia Duncan chegou até entrar em detalhes sobre a questão quando Rita Lee foi capa da Rolling Stone, dizendo que depois de sua participação no grupo Rita Lee não retornava mais quando ela tentava entrar em contato. Agora, depois de ouvir a música é de se esperar e torcer que a amizade volte fortalecida e renda bons frutos ("Pagu" por exemplo, uma das melhores canções de Rita Lee nos últimos tempos é uma parceria com Zélia Duncan).
Pra finalizar, acho que falar de Zélia Duncan é sempre citar quem está em sua volta, portanto, não tem como uma trabalho seu ser desinteressante. "Pelo sabor do gesto" é cheio de referências, versões originais, parcerias e histórias em suas composições. Mesmo não gostando da Zélia Duncan, é impossível não gostar do disco.
Link "Pelo Sabor do Gesto"