terça-feira, 3 de maio de 2011

Pterodátilos








Fotos da peça "Pterodátilos": Carol Sachs

Não é tarefa difícil esbarrar em algum trabalho de Daniela Thomas. Ela assina a maioria dos cenários das melhores peças do teatro brasileiro, além de já ter dirigidos vários filmes, a maioria deles ao lado de Walter Salles. Um de seus últimos trabalhos como cenógrafa pode ser visto na peça “Pterodátilos” com direção de Felipe Hirsch (com quem ela já trabalha há um bom tempo no teatro e ultimamente nos cinemas com o filme “Insolação”).

A peça segue a linha de trabalhos anteriores realizados pela dupla, cenários que de certa forma conversam e interagem com os atores. Em “Pterodátilos” o palco é mecânico e tomba de um lado para o outro, sendo também sutilmente desmontado mostrando os ossos e toda a sujeira e decadência que é empurrada pela família para debaixo do tapete. A cenografia desafia a gravidade e a falta de espaço, criando uma atmosfera que dá sentido aos personagens da caótica casa onde se passa a história.

Marco Nanini é o protagonista interpretando com maestria dois personagens de sexos diferentes. Novamente é incrível perceber em seu trabalho de ator, a rapidez e fluidez que se despe dos personagens. Para mim a grande surpresa no elenco foi Mariana Lima, que interpreta uma perua decadente, digna de riso e pena. O trabalho da atriz consegue equilibrar o drama e a comédia de forma surpreendente. O texto também é perfeito e cabe a tantos sentados no teatro da FAAP, e o mais legal é que todos riam, riam de si mesmos.

Já havia assistido trabalhos anteriores da dupla. “Avenida Dropsie” e “Não sobre amor” da Sutil Cia. de Teatro foram um dos cenários mais lindos que já vi no teatro. E depois assisti a ópera “O Castelo do Barba-Azul” no Teatro Municipal de São Paulo, concluindo que não é tarefa difícil constatar que a dupla realiza um dos melhores trabalhos visuais (principalmente em termos de originalidade) nos palcos e nas telas.